Veneno vendido ilegalmente para matar cães - RS


Veterinário diz atender até 10 casos por semana em Getúlio Vargas.


A estricnina, substância tóxica de venda proibida, vem sendo usada para envenenar cachorros em Getúlio Vargas, no norte do Rio Grande do Sul. A venda do produto é feita clandestinamente em casas agropecuárias. Usando uma câmera escondida, a reportagem da RBS TV comprou um vidro do veneno.
"Tem um vidrinho aqui, mas é perigoso", advertiu o vendedor Pedro Tomelero, ao deixar o balcão e buscar o produto em uma gaveta longe das demais mercadorias da loja. "Está R$ 12. Perigosíssimo", acrescentou.
Mais tarde, a reportagem da RBS TV voltou ao local devidamente identificada e Tomelero negou a venda do veneno. "Com certeza nós conhecemos isso (a legislação que proíbe a venda de estricnina). Sabemos que não pode", garantiu.
Aposentada Leila dos Santos teve um dos cachorros envenenados por estricnina (Foto: Reprodução/RBS TV)Aposentada Leila dos Santos teve um dos cães
envenenados por estricnina em Getúlio Vargas, no
norte do RS (Foto: Reprodução/RBS TV)
O veterinário Filipe Ritter afirma que muitos cachorros apresentam sintomas de envenenamento por estricnina. "Olha, tem semanas que eu chego a atender de 6 a 10 animais", diz Ritter. "É comum. É difícil ter um mês que não tenha pelo menos um caso", acrescenta.
No mês de outubro, o veterinário atendeu 17 animais com sintomas de envenenamento por estricnina. Em novembro, foram 18 atendimentos. Em dezembro, até o dia 20, já foram 21 casos.
Apenas um dos animais atendidos por Filipe Ritter com sistomas de envenenamento por estricnina sobreviveu. "A dona viu que o cachorro tinha ingerido um pedaço de carne envenenado e trouxe imediatamento o animal. Ele foi salvo graças a uma lavagem gástrica", conta o veterinário.
Os casos de envenenamento vêm mobilizando a população da cidade. A presidente da Associação Getuliense de Proteção aos Animais, Cláudia Mara Richetti, diz ter registrado boletim de ocorrência duas vezes em 2010. Segundo ela, nada foi feito para impedir novas mortes. "O que a polícia alega e que eles não têm prova nenhuma", diz Richetti.
Neste sábado (17) a entidade realizou um protesto. “A população precisa se conscientizar, isso é um caso de saúde pública”, diz a manifestante.
Dependendo da quantidade de veneno, a morte do animal pode ser imediata ou dentro de até dois dias.

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